Em programas na TV, Bolsonaro e Haddad ressaltam famílias e exploram medo -


No primeiro programa da campanha eleitoral do segundo turno veiculado nesta sexta-feira (12) na televisão, os candidatos à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) ressaltaram suas famílias e exploraram o medo. Ambos preferiram amenizar pontos vistos como negativos e reforçar discursos para atacar um ao outro.

Bolsonaro chorou ao falar da família, com destaque para a filha caçula Laura, chamando-a de "xodó", em uma tentativa de se aproximar do eleitorado feminino, cuja taxa de rejeição ao candidato chega a 49%. No ano passado, ao falar sobre a família, o pesselista disse ter quatro filhos homens e, na quinta vez, ter "fraquejado" e nascido uma menina.

O programa cita o ataque a faca sofrido por Bolsonaro em setembro em Juiz de Fora e agradece a Deus "pela vida de Bolsonaro".

O tom usado nos programas de TV foi o mesmo difundido no programa de rádio, exibido mais cedo.
Por outro lado, Bolsonaro relacionou o PT ao comunismo e à atual situação da Venezuela – que vive grave crise política e humanitária, e cujo governo tem sido acusado de cometer violações de direitos humanos. O apoio do PT ao governo de Nicolás Maduro há muito é criticado por opositores do partido, e o tema costuma ser usado por Bolsonaro e apoiadores para atacar a candidatura de Haddad e difundir o sentimento de medo do comunismo.

Já Haddad reforçou o medo de que os ataques contra pessoas de posições políticas diferentes se intensifiquem. Haddad criticou a violência praticada por apoiadores de Bolsonaro e procurou se distanciar de Lula, seu padrinho político e candidato original do PT na disputa pelo Palácio do Planalto. Embora apareça discursando no programa de televisão de Haddad, Lula não é mais citado diretamente. Lula está preso desde abril deste ano após condenação em decorrência da Operação Lava Jato. O slogan "Haddad é Lula" também foi retirado.
"Uma onda de violência tomou conta do Brasil. Nos últimos dias, multiplicaram-se os ataques e até assassinatos motivados pelo ódio de alguns seguidores do candidato Jair Bolsonaro", falou a narradora do programa petista. Em seguida, ela cita parte desses ataques, como a morte do capoeirista Moa do Katendê, com 12 facadas, na segunda (8), e mostra fala de Bolsonaro para "fuzilar a petralhada" no Acre.
Outras pessoas, então, criticam Bolsonaro por incitar a violência e dizem estar "em pânico". "Se a violência já chegou neste nível, imagina se ele fosse presidente?", questiona a locutora.
Haddad entra no programa pedindo paz, o que, segundo ele, só será possível por meio da garantia de direitos, como à alimentação, emprego, saúde e educação. "Nossa luta é por democracia, que é e sempre será o melhor caminho. Nossa campanha é da sinceridade e da paz. Contra os ataques e as mentiras pelo Whatsapp, prefiro continuar jogando limpo com você", diz.

A família e o currículo, tanto acadêmico quanto como ministro, são ressaltados. Algumas propostas de governo, depois, são citadas. Entre elas, o "Meu emprego de novo" com foco na construção civil e na retomada de obras paradas.
O programa de Bolsonaro citou o grupo de partidos de esquerda Foro de São Paulo junto a imagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o ditador cubano Fidel Castro, o antecessor de Maduro, Hugo Chávez, e o presidente da Bolívia, Evo Morales.

"A semente de um projeto de doutrinação e domínio político foi plantada em nossa pátria. As consequências estão sendo sentidas quase 20 anos depois", diz o locutor. "Como na Venezuela, tão admirada por Lula, Dilma e Haddad, fizeram de Brasília um balcão de negócios e muitos deles já estão presos. Mas, o vermelho jamais foi a cor da esperança. O vermelho é um sinal de alerta para o que não queremos para este país."
Na sequência, pessoas na rua criticam o fato de Haddad se consultar com Lula na prisão e chamam o candidato de "bonequinho" do ex-presidente. No horário eleitoral, Bolsonaro diz ser honesto e nunca ter se envolvido com esquemas de corrupção enquanto deputado.

Neste segundo turno da eleição presidencial, Haddad tem se apresentado como fiador da democracia em oposição a Bolsonaro, que defende abertamente a ditadura militar brasileira (1964-1985) e tem sido retratado pela candidatura petista como violento e autoritário. Haddad não confronta publicamente a posição do PT sobre a Venezuela, mas já disse que não se pode caracterizar a Venezuela como uma democracia.

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