E há quem diga que eu não seja psicólogo, vocês acreditam?
Pois é, nem eu.
E hoje quase nem abri o consultório, pois fiz uma externa, sim um casal de fora da cidade, Telmo e Dani, que fui atender, claro que depois de muita comida vegana, café, sorvete e muita conversa de divã.
Desta vez não tínhamos parecer de nenhum profissional e também aquele um que sempre dá um palpite, não deixei ele se manifestar, mas caímos no assunto de relacionamento, e, quão bom é ouvir pessoas seguras do seu sentimento, do seu respeito pelo outro.
Sim, hoje em dia não é mais uma coisa moral, as pessoas estão perdendo um pouco os valores, sejam gays ou héteros.
Digo isso porque um casal que inicia um relacionamento a 1.850km e se mantém até hoje, claro que hoje moram juntos, mas a coisa foi sendo construída principalmente em cima de respeito.
Com toda liberdade que todo casal tem, eles depois de anos de relacionamento, fizeram a opção de às vezes ter um terceiro na relação, mas antes que isso aqui vire putaria que fiquem bem claras as diferenças entre relacionamento aberto, ter um terceiro na relação e poliamor.
As explicações vão ser da forma que vejo.
No relacionamento aberto tanto um como o outro pode sair e se envolver sexualmente com quem quiser, pede-se que se cuide claro, mas eles têm esta liberdade.
Quando tem um terceiro, este não precisa morar junto, digamos que o terceiro é um brinquedo, que me desculpem os terceiros, ou a pimenta consciente do casal, quando estão juntos introduzem o terceiro “na cama”, e em outros lugares se for o caso.
E o poliamor, este podem ser de três, quatro, cinco, enfim quando todos os envolvidos tem sentimento afetivo em comum, um pelo outro.
Pois bem! Da minha externa de hoje falo da segurança e respeito, porque para eles optarem por ter um terceiro, antes disso aconteceram muitas conversas afinal como já disse o combinado não sai caro.
O terceiro só poderia estar junto, com o casal.
O terceiro em caso de um do casal viajar não pode se encontrar com quem ficou e claro entre quatro paredes o objetivo é o prazer.
Tem que existir muita confiança, amor e respeito.
Admiro a maturidade com que isso foi sendo construído, pois a meu ver precisa-se ter um alicerce muito forte, afinal não somos donos dos nossos sentimentos, e se um dos parceiros desenvolver um sentimento pelo terceiro?
E se o terceiro tem, por exemplo, um membro maior e um deles percebe que o parceiro se sentiu bem satisfeito, sim, no mundo gay, tamanho de pau é documento sim, não venham dizer que não, e “você” não tem aquele membro todo?
São muitas coisinhas que claro, é mais fácil dizerem pura safadeza, mas ninguém para pra pensar em tudo que se passa na cabeça destas pessoas, das dúvidas, do receio de aceitar isso e perder o seu parceiro.
Acredito que como eles chegam a esta conclusão, casais que tem uma certeza absurda do amor e respeito de um pelo outro, quando você consegue ver que amor não é só sexo e coraçõezinhos, que amor é uma coisa muito maior, mais abrangente, mais complexa, mais livre, mais desprovida de mesquinhez, você está pronto.
Se concordo ou aceitaria?
Não sei, já disse em outros textos, mais antigos que não, mas hoje, não sei, mas admiro quem chega nesta maturidade, como admiro quem não coloca um terceiro, como admiro quem é adepto do poliamor, da monogamia, da poligamia, enfim, quem sou eu para julgar esta ou aquela pessoa por suas escolhas na cama e na vida sexual?
Eu só quero que as pessoas sejam felizes, pois quanto mais gente feliz menos chance de encontrar gente infeliz tenho.
Na minha externa de hoje fica a minha admiração à maturidade e o respeito com que o amor é tratado.
Sim, sei que muita gente está pensando merda a meu respeito, e sabe o que eu penso disso? Nada.
Quero é ser feliz com o que eu escolher, com quem eu escolher, afinal, no fim, no meu acerto de contas eu não terei torcida organizada para me defender ou acusar, quero ser o único dono das minhas escolhas, pois se num futuro próximo eu olhar para trás e ver que não fui feliz, sei que a culpa é minha, mas, se fui e ainda sou feliz o mérito também é só meu.
Vamos nos desprender de coisas pequenas, perdemos muito tempo com pré-conceitos, com julgamentos, com pré-ocupações, tudo em função da vida dos outros, e a sua vida?
Como está?
Você é feliz como vive?
Com o que faz e como faz?
Você é feliz com quem vive e com quem faz?
Se a sua resposta foi não, eu lhe pergunto:
E cuidando ou julgando a vida do outro a felicidade vai chegar até você?
Viu, e dizem ainda por aí que eu não sou psicólogo!