De Cruzeiro e Atlético, quem foram os grandes amigos que você fez?
Nós jogamos naquela época em que Flamengo e Atlético dividiam a supremacia do futebol brasileiro. Na Seleção você tinha João Leite, Éder (Aleixo), Cerezo, Luizinho, Reinaldo... Esses caras, de tanto conviver, acabaram virando amigos. Não é conversa fiada. Ficou um laço. O que aconteceu durante os jogos, acontece mesmo, mas nem por isso atrapalhou nossa relação. O “Rei” é um cara que, não só pelo futebol, mas pelas coisas que superou na vida, para mim, é um motivo de prazer e satisfação. O Nelinho, quando a gente era solteiro aqui no Rio, fizemos história demais no Carnaval (risos). O “Mané” é um daqueles que com quem você senta e tem a maior satisfação por estar ao lado. Quando cheguei na Seleção, em 1979, ele me abraçou como novato. Disso não esqueço nunca mais.
E com a Seleção?
Aí já é um pouco diferente. Visto um pouco a camisa mesmo. Semana passada, reprisaram a final da Copa de 2002, quando eu grito o gol do Ronaldo junto com o Luiz Carlos Júnior. É uma coisa que jamais a gente deve fazer, mas ali não teve jeito. Era final de Copa, estava tão envolvido com as coisas, além de terem alguns hermanos atrás da gente nos perturbando demais (risos). Nos anos (1998 a 2003) em que passei no SporTV, foi onde criei uma base; foi minha universidade de comunicação.
Pergunta sobre o “jogo que não teve fim”. Qual a visão dele sobre aquele duelo entre Atlético e Flamengo, pela Libertadores de 1981, no Serra Dourada? A arbitragem do José Roberto Wright causa indignação aos atleticanos até hoje.
Eu também, se estivesse do lado do Atlético, não gostaria de escutar o juiz que acabou um jogo o qual eu teria a possibilidade de ganhar. Só que você tem que levar em consideração que num dado momento do jogo, o Wright parou a partida, chamou os dois capitães e falou que dali para frente expulsaria quem começasse com jogadas violentas. O jogo recomeçou, e o Reinaldo deu um carrinho de cima para baixo no Zico. Isso! Reinaldo deu um carrinho no Zico; olha só que heresia. Em função disso, desencadeou um cerco desequilíbrio no Éder, no Palhinha... Daí, naturalmente, ficou a revolta. Mas eu te faço uma pergunta: “Você acha que Flamengo ou Atlético precisavam de árbitro para ganhar jogo naquela época, com os times que tinham?”. Não tínhamos nada a ver com José Roberto Wright, até porque ele nunca foi torcedor do Flamengo. Ele foi criado no Fluminense. Não precisávamos daquele tipo de ajuda.
Como vocês foram para o vestiário naquele dia?
A gente queria jogar. Do mesmo jeito que ficou o amargo na boca do Atlético, ficou no time do Flamengo. Queríamos continuar. Tínhamos totais condições de ganhar do Atlético, como já havia acontecido em diversas oportunidades.