Vale anuncia que vai doar R$ 100 mil a cada família e manter pagamento de impostos para Brumadinho



O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, concedeu entrevista nesta segunda (28) — Foto: Reprodução
O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, concedeu entrevista nesta segunda (28) — Foto: Reprodução
O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, deu uma entrevista coletiva nesta segunda-feira (28), no Rio, para falar sobre a tragédia provocada pelo rompimento de uma barragem da mineradora em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Ele afirmou que:
  • A Vale vai fazer uma doação emergencial de R$ 100 mil reais, de imediato, a cada família das vítimas fatais da tragédia. O valor deve começar a ser repassado nesta terça-feira (30);
  • A empresa mantém a compensação financeira de recursos minerais para o município de Brumadinho. Ou seja, a cidade não deve perder arrecadação por causa da paralisação das atividades da Vale;
  • Foi contratada uma equipe de psicólogos do Hospital Israelita Albert Einstein especializada em tratamento de vítimas de catástrofes atender a famílias das vítimas;
  • A partir desta terça, a empresa vai colocar uma cortina de contenção no Rio Paraopeba, para impedir que o rejeito afete a captação de água da cidade de Pará de Minas.
A barragem de rejeitos, que ficava na mina do Córrego do Feijão, se rompeu na sexta-feira (25). O mar de lama varreu a comunidade local e parte do centro administrativo da empresa. Entre as vítimas, estão moradores e funcionários da Vale.

Números da tragédia

A mina do Feijão na região de Córrego do Feijão, em Brumadinho,  dois dias depois do rompimento da barragem da Vale. — Foto: Douglas Magno/AFP
A mina do Feijão na região de Córrego do Feijão, em Brumadinho, dois dias depois do rompimento da barragem da Vale. — Foto: Douglas Magno/AFP
Anúncios da Vale sobre Brumadinho

Contenção de rejeitos

Citando "o foco na reparação da tragédia humana, ambiental e social", o diretor da Vale falou na primeiro sobre o deslocamento da lama pelo rio Paraopeba. A empresa vai construir o que ele chamou de "membrana de contenção de rejeitos próximo à cidade de Pará de Minas".
"A cidade está a cerca de 40 quilômetros de onde, hoje, a lama se encontra. A lama percorreu cerca de 75 quilômetros desde o momento do acidente. Ela está se deslocando a aproximadamente 1 km/h", descreveu Siani na coletiva.
"[A membrana] É uma solução comprovada e testada já para reter esses coloides – partículas muito grossas – e permitir a continuidade da captação de água. Nosso objetivo é que não haja nenhuma ruptura nas cidades a jusante do Rio Paraopeba. Temos também equipes da Samarco, que infelizmente tiveram experiência, lá em Mariana, com esse tipo de construção de diques de contenção percorrendo todo o rio em conjunto com as equipes da Vale (...), para garantir a contenção absoluta desse rejeito, para que ele não prejudique ainda mais o meio ambiente."

Arrecadação em Brumadinho

O segundo anúncio de Siani foi sobre os efeitos da tragédia na arrecadação de impostos em Brumadinho. "Nós temos plena consciência do impacto econômico e do estresse que a situação vem causando sobre os serviços públicos de Brumadinho", afirmou o diretor da Vale.
"Nós estamos anunciando que vamos manter o pagamento da compensação financeira de recursos minerais – os royalties da mineração – para o município de Brumadinho por tempo indeterminado, para não prejudicar a arrecadação do município. O município arrecadou cerca de R$ 140 milhões em 2018 – mais de 60% disso são royalties da mineração. Esse valor muda com o preço do minério de ferro, mas o que importa é que a Vale vai continuar compensando o município por conta da falta desses recursos, já que a produção foi paralisada."
De acordo com ele, vai ser feito "cálculo na ponta do lápis" para pagar "aquilo que for devido".

Psicólogos do Albert Einstein

Após falar que a Vale tem uma equipe de cerca de 200 psicólogos e assistentes no local, Siani disse que foi contratado "um time especializado de psicólogos" do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, "para dar assistência a vítimas em casos como esse, de catástrofes de grandes proporções".

Doações de R$ 100 mil

O último assunto da entrevista coletiva foi o pagamento da doação de R$ 100 mil a todas as famílias de vítimas. De acordo com ele, a medida tem o objetivo de "minorar essa incerteza de curto prazo com relação ao ganha-pão das famílias – muitos chefes de família foram vitimados na tragédia".
"É uma doação imediata para cada família que perdeu um ente querido. Isso não tem nada que ver com indenização. Indenização nós sabemos que são valores muito maiores, precisam ser obviamente conversados com as famílias, com as autoridades, com o Ministério Público. Já temos as equipes no local, já com o cadastramento para iniciar o pagamento imediato."

O que se sabe até agora:

Como funcionam as barragens de mineração — Foto: Karina Almeida e Alexandre Mauro/G1
Como funcionam as barragens de mineração — Foto: Karina Almeida e Alexandre Mauro/G1
Detalhes sobre as barragens da Vale no Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG)  — Foto:  Juliane Souza/G1

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